Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Crise com Romero, pressão no partido e críticas ao São João são os menores problemas de Bruno Cunha Lima
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Romero e Bruno Cunha Lima implementaram “tratamento precoce” na rede municipal de saúde de Campina Grande (Foto: Reprodução/Instagram/brunocunhalima)

O último fim de semana de festa do Maior São João do Mundo atraiu também atenção para a cena política em Campina Grande. A crise entre o prefeito Bruno Cunha Lima (PSD) e seu padrinho político, o deputado federal Romero Rodrigues (PSC), ainda repercute. Esta última edição da festa junina foi repleta de críticas, desde a ‘camarotização’ do evento até a importância dada a atrações que passam longe do forró, tendo como destaque a redução no tempo do show de Flávio José. Nesse fim de semana, a presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ao lado da senadora Daniella Ribeiro, da mesma legenda, expôs uma crise também partidária na porta de Bruno.

De todos os problemas até aqui apontados e colocados à mesa pela oposição, digo que nenhum deles é grave. Apoio político qualquer gestor consegue, principalmente quando se vislumbra uma reeleição, e prova maior disso é o chamego de Bruno com Veneziano. A crise na festa também pode ser considerada como ponto de vista, pois o que para mim é a morte do São João tradicional, para outros foi um sucesso. E partido político, convenhamos, basta ele arrumar outro e sair candidato. Não estamos tratando do caso de um parlamentar que furou a janela partidária. Bruno continuará prefeito até 2024 e deverá se candidatar à reeleição, seja pelo PSD ou por qualquer outra legenda.

Grave, grave mesmo, é a crise do tratamento precoce, e para esta não tem remédio que dê jeito. Após a condenação nas duas ações ajuizadas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra os defensores do chamado “tratamento precoce” contra covid-19, ou kit covid-19, o maior dos problemas de Bruno Cunha Lima se transforma em um bode na sala.

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Para quem não se lembra, muitos médicos no auge da pandemia de covid-19 prescreviam medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da doença. Por mais que o Conselho Federal de Medicina tivesse liberado os profissionais, não havia uma recomendação para prescrição de drogas como Hidroxicloroquina e Ivermectina. Assim, médicos de muitas prefeituras prescreveram estes medicamentos durante as consultas, porém a Prefeitura de Campina Grande (PMCG) achou pouco e institucionalizou a adoção do kit covid na rede municipal de saúde.

Em matéria publicada no site da PMCG, em março de 2021, o diretor do Hospital Municipal Pedro I, médico Tito Lívio, confirma o protocolo de tratamento precoce com Ivermectina, Azitromicina e a Hidroxicloroquina, adotado ainda na gestão do ex-prefeito Romero Rodrigues e mantido pelo prefeito Bruno Cunha Lima a partir de um direcionamento institucional.

A respeito de um protocolo médico com tratamento precoce para covid-19 que circulava nas redes sociais sendo atribuído à Prefeitura de Campina Grande, Tito Lívio explicou que o suposto protocolo de “kit covid” na verdade continha menos medicamentos do que a recomendação da gestão municipal.

Nas sentenças das ações ajuizadas pelo MPF, defensores do tratamento precoce foram condenados ao pagamento de R$ 55 milhões por danos morais coletivos e à saúde. Se a oposição apertar por esse lado e a Justiça seguir a mesma tendência, os problemas políticos de Bruno serão os menores até as eleições de 2024.

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