Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
Jornalista, fotógrafo e consultor. Mestre em Computação, Comunicação e Artes pela UFPB. Escreve desde poemas a ensaios sobre política. É editor no Termômetro da Política e autor do livro infantil "O burrinho e a troca dos brinquedos". Twitter: @gesteira.
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Mentira é política de governo do presidente Bolsonaro
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Novo ministro da Educação, o professor Carlos Alberto Decotelli fraudou currículo com tese de doutorado que nunca existiu (Foto: Agência Brasil)

Se a conduta, o exemplo e a verdade são pilares para educar, o oficial da reserva da Marinha e professor Carlos Alberto Decotelli da Silva não está à altura do cargo para o qual foi nomeado. Mal tomou posse como ministro da Educação, Decotelli logo foi pego na mentira. Havia sido anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com todo o seu currículo: doutorado, pós-doutorado e tudo o mais. Porém, pouco tempo depois o presidente da República foi desmentido, e seu novo auxiliar do primeiro escalão, desmoralizado. O reitor da universidade onde Decotelli supostamente teria feito doutorado apareceu nas redes sociais para revelar a fraude. O falso título do novo ministro constava também em seu currículo Lattes, que é plataforma curricular utilizada pela comunidade acadêmica no Brasil.

O Brasil trocou um completo desqualificado por outro. O antecessor de Decotelli, Abraham Weintraub, é o ministro da Educação que escrevia “imprecionante”, e depois ia ao limite do escárnio escrevendo tantos erros gramaticais para que ninguém soubesse quando era falha ou zombaria. Weintraub é investigado por xenofobia, por ataque ao Supremo Tribunal Federal, e hoje nem no país vive mais. Saiu fugido, com ajuda do governo. Por pior que fosse, ao menos Weintraub nunca escondeu ser um olavista debochado, despreparado e que pouco entendia de educação. Com a fraude, Decotelli compete para ser ainda pior.

A farsa de Decotelli foi descoberta no dia seguinte ao anúncio de seu nome para o MEC. Foi o próprio reitor da Universidade de Rosário, na Argentina, quem republicou o texto original do presidente Jair Bolsonaro, porém com a devida correção, revelando que Decotelli não tinha o título de doutor pela instituição.

Não é de surpreender, vindo de um governo que espalha fake news desde a campanha presidencial, que dissemina informações falsas e, agora, nomeia quem mente no currículo. A mentira é política de governo na gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Após ser desmoralizado, Decotelli cuidou logo em editar seu currículo. Trocou a tese por “créditos concluídos” e excluiu o nome do orientador. Era uma mentira bem montada, e muito provavelmente ninguém perguntaria por esses títulos caso ele não tivesse alcançado o cargo de ministro. Agora, até seu pós-doutorado está posto em xeque, visto que não faz qualquer sentido.

Como se não bastasse, Decotelli é acusado de plágio em sua dissertação de mestrado. Quem aponta a nova fraude é o professor Thomas Conti, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) .

Decotelli tem muito a se explicar, ou será lembrado como o ministro mentiroso. Decotelli é a cara do governo Bolsonaro.

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