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Itamaraty responde a críticas de ministro israelense e condena ataque a hospital em Gaza
Termômetro da Política
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O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil classificou, nesta terça-feira (26), como “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis” as declarações do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas” em uma publicação nas redes sociais. O Itamaraty rebateu, afirmando que cabe a Katz “assegurar que seu país não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos”.

Ministério também lembrou que Israel está sob investigação da Corte Internacional de Justiça por suspeita de violar a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O governo brasileiro destacou que as operações militares israelenses em Gaza já causaram a morte de 63 mil palestinos, sendo um terço mulheres e crianças, além de impor uma política de fome como arma de guerra no enclave. Na segunda-feira (25), o MRE condenou os bombardeios de Israel contra o hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, que mataram ao menos 20 pessoas, incluindo jornalistas e trabalhadores humanitários, e deixaram dezenas de feridos. “Espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza”, declarou o Itamaraty.

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O ministério também lembrou que Israel está sob investigação da Corte Internacional de Justiça por suspeita de violar a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. As tensões entre Brasil e Israel se intensificaram desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, matando 1,2 mil civis e militares e capturando reféns. Em resposta, Israel impôs um cerco total a Gaza e intensificou bombardeios no território, em um conflito enraizado na disputa histórica por territórios ocupados por hebreus e filisteus, antecessores de israelenses e palestinos.

Críticas de Lula e rebaixamento diplomático

Na mesma terça-feira, durante uma reunião ministerial no Palácio do Planalto, Lula voltou a condenar o que classificou como “genocídio” em Gaza. “Nós temos a continuidade do genocídio na Faixa de Gaza, que não para. Todo dia tem uma novidade, todo dia mais gente morre, todo dia crianças estão com fome, aparece na mídia crianças totalmente esqueléticas atrás de comida e são assassinadas como se estivessem em guerra. São assassinadas como se fossem do Hamas”, afirmou. O presidente também defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a inclusão de países do Sul Global como membros plenos.

As declarações de Katz também criticaram a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organização fundada em 1998 para combater o antissemitismo e promover a memória do Holocausto. “Agora, ele [Lula] revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA […] colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel”, escreveu o ministro. O Brasil, que aderiu à IHRA como observador em 2021, retirou-se em julho de 2025, após ingressar em uma ação judicial contra Israel na Corte Internacional de Justiça.

As relações diplomáticas entre Brasil e Israel enfrentam um novo capítulo de tensão. Em fevereiro de 2024, Israel declarou Lula “persona non grata” após suas críticas às mortes de civis em Gaza. Em resposta, o Brasil retirou o embaixador Frederico Meyer de Tel Aviv, deixando a embaixada sem um titular. Segundo o jornal The Times of Israel, Israel também decidiu “rebaixar” as relações com o Brasil após o governo brasileiro não responder à indicação do diplomata Gali Dagan como novo embaixador em Brasília, em janeiro de 2025. A ausência do agrément foi interpretada como recusa, levando Israel a retirar a indicação.

Fonte: Agência Brasil

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